OPINIÃO

OPINIÃO: Prefeito, agilize a reabertura do Restaurante Popular de SM


Passados mais de mil dias, o Restaurante Popular Dom Ivo Lorscheiter segue fechado em Santa Maria. Isso é uma lástima, que se arrasta ao longo das gestões Cezar Schimer e Jorge Pozzobom no Executivo santa-mariense. Acredito que Schirmer e sua equipe tiveram boa vontade em agilizar o processo de reabertura. Digo o mesmo do prefeito Pozzobom e de seus assessores. Porém, já passou da hora de o estabelecimento estar reaberto e funcionando em prol daqueles que precisam de alimentação boa e barata na cidade. Afinal de contas, o restaurante está fechado há mais de dois anos e nove meses. Perder para a burocracia é como assinar um atestado de incompetência diante de uma população quase faminta por um prato de comida.

Como diz a coordenadora do Projeto Esperança/Cooesperança, irmã Lourdes Dill, "o alimento é um Direito Humano garantido pela Constituição Brasileira". Se "governar é fazer escolhas", reabrir o Restaurante Popular deve ser uma prioridade para a administração municipal. Ou não? Quanto mais passa o tempo, mais pessoas ficam sem a refeição diária oferecida no local, principalmente os moradores em situação de rua, jovens, aposentados e trabalhadores. Pelas informações, o conserto de três panelas de pressão industriais já ocorreu. O Plano de Prevenção Contra Incêndio (PPCI) do local, com instalação dos equipamentos previstos, foi concluído. A vistoria do Corpo de Bombeiros vem na sequência. Consertar o telhado do restaurante e agilizar o processo de contratação de uma empresa que faça a gestão do estabelecimento são os outros desafios da prefeitura. Enquanto a situação não é normalizada, algumas entidades e grupos de voluntários driblam a burocracia, ignoram discursos desencontrados e atuam na prática. Eles oferecem café, almoço e janta aos necessitados, em determinados dias da semana, na Praça Saldanha Marinho e na antiga Rua 24 Horas. "São entidades e pessoas voluntárias que doam e preparam os alimentos, servindo-os com muito amor, carinho e solidariedade. É praticamente a única refeição quente que eles têm, naqueles dias, nas suas jornadas diárias na dura luta pela sua sobrevivência", comenta a irmã Lourdes Dill.

Emilhano de Amarante Portella, então acadêmico de Nutrição da Unifra (hoje UFN), publicou artigo sobre o "Perfil do Usuário do Restaurante Popular da cidade de Santa Maria (RS)", em 2013, na Revista Disciplinarum Scientia. Conforme o trabalho, a maior parte da população usuária (32,9%) estava na faixa etária jovem adulta de 18 a 25 anos, seguida de adultos de 25 a 35 anos (18,1%), 35 a 45 anos (8,7%), 45 a 55 anos (16,2%), 55 a 65 anos (10,6%) e de idosos acima de 65 anos (13,6%). Da amostra, ainda, 54,1% eram do sexo masculino e 45,8% do sexo feminino. Para identificar se o Restaurante Popular atendia a pessoas que se encontravam em situação de precariedade alimentar, principalmente de baixa renda, 6,4% informaram estar sem trabalho, 54,5% estavam participando do mercado de trabalho ativamente, 17% eram aposentados ou pensionistas, e 21,9% estudantes. A partir dos dados foi possível observar que 12,8% da amostra não possuíam renda, 38,6% tinham renda de até um salário mínimo e 31% possuíam renda de até dois salários mínimos.

O trabalho teve orientação da professora Cristiana Basso e apoio da nutricionista Vanessa Bischoff Medina. Os dados da pesquisa de Portella evidenciam a importância do Restaurante Popular para a sobrevivência alimentar de uma parcela da população santa-mariense. O local deve, sim, ser reaberto "com responsabilidade e segurança". No entanto, é inaceitável estar fechado há mais de mil dias. Combater a fome é uma ação prioritária e urgente para qualquer governo.

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